Virou mania sentar em um restaurante e fotografar um belo prato de comida. Mas as imagens podem ser também um sinal de alerta. A psiquiatra Valerie Taylor, do Hospital Universitário da Mulher, da Universidade de Toronto, no Canadá, afirmou, durante um congresso sobre obesidade, que a nova febre entre os internautas pode ser sintoma de transtornos alimentares.
Segundo a psiquiatra, a comida é o elemento-chave da interação social. Além disso, as pessoas costumam tirar fotos de coisas que são importantes para elas. O problema, segundo a médica, é quando o alimento torna-se o ponto central, desbancando o cenário e as companhias:
– A preocupação aparece quando tudo o que a pessoa faz é enviar fotos de comida – afirma.
No Brasil, o assunto divide opiniões. Psicóloga da Clínica de Estudos e Tratamento de Transtornos Alimentares da Santa Casa, Simone Freitas explica que o problema, nesses casos, é o excesso.
– Se a pessoa só postar fotos de alimentos, pode ser sinal de um transtorno alimentar. É uma pessoa compulsiva por comida e, normalmente, pelo corpo.
A psicóloga lembra ainda que, entre os transtornos que podem gerar esse tipo de compulsão pelas fotografias, estão a bulimia e a anorexia. Nesses casos, a pessoa foca, na maioria das vezes, em alimentos saudáveis e que emagrecem, podendo também acrescentar fotos de exercícios físicos.
– Mas também pode ser puro modismo, comer é um prazer para o ser humano, e pratos bonitos chamam a atenção – diz Simone.
Fixação com o peso caracteriza transtornos
O psiquiatra Alexandre Sarmento não concorda com a tese da colega canadense. Para ele, a mania de postar o que se vai comer nas redes sociais não passe de um modismo, que não se associa a distúrbios alimentares nem psicológicos.
– Há fotógrafos profissionais que também só fazem um único tipo de imagem e nem por isso é compulsivo. É um estilo de fotografar, não uma característica patológica – defende.
Segundo Sarmento, o que caracteriza o transtorno alimentar é a fixação por atingir determinado peso, que pode levar à anorexia, normalmente em mulheres e adolescentes, e à bulimia, que, de acordo com o psiquiatra, costuma vir logo após.
Sarmento alerta que casos de transtornos alimentares não são assumidos pelos pacientes e, por isso, são as pessoas ao redor que devem estar atentas para encaminhá-los a um tratamento:
– A taxa de mortalidade é alta, e o tratamento é difícil, requer muita atenção.
Fonte: Extra
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