Em seu segundo jogo sem Barcos, o Palmeiras demonstrou ainda sentir falta de um centroavante. Mas o time tem um artilheiro, o zagueiro Henrique, que abriu o placar. E ainda contou com a entrada de Caio, de 20 anos, para fazer a jogada da vitória por 2 a 1 sobre o Sporting Cristal, do Peru, por 1 a 0 na noite desta quinta-feira no Pacaembu, na estreia do time na Libertadores.
Mas, para começar sua trajetória no torneio continental com três pontos, a equipe sofreu, assim como os quase 18 mil pagantes. À medida que sobrava vontade e raça em campo, muitas vezes faltava qualidade e só no segundo tempo Gilson Kleina resolveu colocar um centroavante para dar mais opções de ataque.
Enquanto não tinha referência na frente, o time contou com Henrique para fazer 1 a 0 aos 40 minutos do primeiro tempo, em cobrança de escanteio. Aos cinco do segundo tempo, porém, o estreante Marcelo Oliveira cometeu pênalti que Lobatón converteu. Mas aos 23 o lateral esquerdo se redimiu fazendo a jogada que Caio ajeitou para Patrick Vieira fazer 2 a 1.
Com ânimo renovado, o Verdão termina a semana na liderança do grupo B da Libertadores – o outro jogo da chave só ocorrer na próxima quinta-feira, entre Tigre e Libertad, na Argentina. O Palmeiras volta a jogar pelo torneio apenas no dia 28, visitando o Libertad no Paraguai. Antes disso, tem clássico neste domingo, diante do Corinthians, no Pacaembu, pelo CampeonatoPaulista.
O jogo – Desde a saída de bola, ficou clara a intenção de Gilson Kleina em escalar Patrick Vieira, Souza, Wesley e Patrick Vieira partindo do meio para o ataque sem nenhuma referência na frente. Com essa formação, o Palmeiras faria o que o técnico mais gosta: marcação sob pressão no campo adversário.
Até o Sporting Cristal conseguir respirar e entender a estratégia adversária, foram 15 minutos de intensa correria dos anfitriões. O Verdão tinha tanto a bola nos pés, e a tocava com tanta rapidez, que aos poucos o quarteto da frente ia se aperfeiçoando nos passes.
Os quatro ainda contavam com a frequente ajuda de Weldinho, lateral direito que estreava e subia constantemente graças a Marcelo Oliveira, volante que atuava na lateral esquerda e se posicionava quase como um zagueiro. Alternando raça e lampejos de qualidade, o time criava e perdia oportunidades.
Após 15 minutos, o ritmo diminuiu e erros de passe começaram a aparecer, assim como reclamações vindas das numeradas. O inexperiente time de Gilson Kleina ainda se irritava com a arbitragem, o que ajudava os peruanos, cientes de que o juiz não apitaria falta em qualquer trombada, como os palmeirenses estão acostumados no Campeonato Paulista.
Se Valdivia estava machucado, Souza assumia o papel de um camisa 10 não só na armação, mas se mexendo por todos os cantos do campo, desde recuar para organizar a saída de bola até se posicionar como um centroavante na frente. De tanto se mexer, achou espaço para um chute rasante à trave que fez parte do estádio gritar gol.
O camisa 8, porém, assustava mesmo em cobranças de falta, que ao longo do primeiro tempo se tornou a única chance de gol do Verdão, já sem criatividade para escapar da marcação do adversário. Tudo como queria a equipe peruana, que avançava trocando passes e se aproveitando do nervosismo dos paulistas.
Sem opções, o Palmeiras sentiu ainda mais falta de um centroavante, já que precisou apelar para cruzamentos sem ninguém alto na área. Mas, em uma cobrança de escanteio, a alternativa deu certo. Aos 40 minutos, Wesley colocou a bola na cabeça de Henrique, que testou como se desse um chute nas redes. Nem o defensor que estava sobre a linha do gol pôde impedir a abertura do placar.
O gol pareceu ter mostrado ao Palmeiras sua capacidade de balançar as redes. Nos minutos que restaram até o intervalo, uma pressa iniciada por um contra-ataque gerou três chances reais de o time fazer 2 a 0: um milagre do goleiro Penny em desvio de Patrick Vieira, um voleio de Souza e até um quase gol contra do Sporting Cristal.
O ânimo não se perdeu no intervalo, tanto que Vilson, estreante zagueiro que atuou como volante, teve espaço para atacar e só não deixar o seu por conta de outra excelente defesa do goleiro Penny. O domínio palmeirense era claro, mas isso não escondia os problemas da defesa.
Torcedores que assistiam à partida do camarote com terços na mão levaram às mãos à cabeça quando menos imaginavam. Aos cinco minutos, uma arrancada do Sporting Cristal nas costas de Wesley só não virou gol por grande defesa de Fernando Prass. O problema é que Marcelo Oliveira não dominou o rebote e cometeu pênalti em Lobatón, que cobrou firme a ponto de Prass não espalmar nem chegando perto da bola.
Ficou tudo como os peruanos desejavam, tanto que eles logo passaram a fazer cera para aumentar o nervosismo dos adversários. Vinicius expunha a condição da equipe anfitriã discutindo asperamente com os defensores. Até que Gilson Kleina, enfim, atendeu à torcida colocando um centroavante em campo. E o jogo mudou.
Aos 14 minutos, o técnico percebeu que já não era mais necessário escalar algum volante além de Vilson pela pouca disposição do rival em atacar. E trocou Márcio Araújo por Caio, revelado nas categorias de base do clube. Independentemente da qualidade, o Verdão passou a ter uma referência, ao menos alguém para um defensor ficar de olho.
Com a nova disposição tática, e a imensa vontade demonstrada para buscar a vitória, o Palmeiras virou. Marcelo Oliveira, que já não parecia mais um zagueiro, arrancou pela esquerda e encontrou Caio, que fez um pivô como se exige de um centroavante. O garoto ainda teve esperteza para sair da frente: Patrick Vieira veio de trás para soltar a bomba e fazer 2 a 1, aos 23 minutos do segundo tempo.
E o Pacaembu pôde respirar aliviado. Ciente da importância dos três pontos para dar confiança a um elenco contestado, Kleina reforçou o meio-campo e seus comandados tentaram dosar o ritmo. Não conseguiram evitar sustos, mas fizeram o suficiente para uma estreia vitoriosa na Libertadores.
Fonte: Gazeta Esportiva
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