Não escapam da artilharia do bloco a situação econômica do país, o ministro Guido Mantega e o mascote da Copa, Fuleco, que para o Pacotão continuará com o nome de Tatu-bola
Para não ser alvo do bloco Pacotão, o mais antigo de Brasília, é necessário seguir algumas regras básicas: não se candidate a nenhum cargo eletivo e não exerça nenhuma função pública de destaque. Caso não consiga cumprir essas duas regrinhas, trate de andar na linha, mantendo-se bem longe dos escândalos de corrupção.
Seguindo o manual, com sorte, dá para escapar do humor ácido e escrachado do bloco sujo, que desfila na contramão de uma das principais avenidas de Brasília, a W3, desde 1978.
Neste ano, a crítica política, a ironia e a irreverência da Sociedade Armorial Patafísica Rusticana Dër Pakoton, nome oficial da agremiação, se voltou contra o “pibinho mixuruca” do ministro Guido “Manteiga”. No samba e nas faixas, o bloco manda recado para o ministro da Fazenda tomar cuidado, senão poder ser devorado pela presidenta Dilma Rousseff.
“Guido Manteiga, que decepção! O seu Pibinho não dá nem pro mensalão. A presidenta quer o PIB grande. E você com esse pibinho charlatão”, diz um dos sambas do bloco que dá uma receita para o ministro da Fazenda. “Viagra no Manteiga. Senão a presidenta vai comer pão com manteiga. Pão com manteiga, manteiga e pão. A presidenta está querendo um pibizão”, diz o refrão.
O bloco é formado principalmente por jornalistas e a crítica e o próprio nome vêm do período da ditadura militar. Em 1977, o então presidente da República Ernesto Geisel lançou um conjunto de leis para alterar as regras das eleições. As mudanças ficaram conhecidas como “Pacote de Abril”. No ano seguinte ao pacote, o bloco surgiu desfilando sempre pela contramão da avenida W3, na época uma das principais áreas de comércio de Brasília.
Um exemplo dessa irreverência é que dificilmente, algum integrante do Pacotão chamará o mascote da Copa do Mundo pelo seu nome oficial, Fuleco. Um dos sambas do bloco chama-se “Tatu-bola, fuleco é”. “Chamaram o tatu-bola de Fuleco. E o povão desaprovou. O nome é tatu bola, sim senhor. Fuleco é a mãe de quem chamou”, diz a letra do samba.
O importante para o Pacotão é criticar quem está no poder e quem luta por ele, independentemente de partidos políticos. Sobram deboches ao governo, à oposição, à imprensa, aos integrantes do Poder Judiciário e a parlamentares.
Para o bloco, a atuação do Supremo “Tribunaleco” Federal também foi alvo de críticas. O julgamento do mensalão chegou a ganhar dois sambas do bloco. Uma das composições reclama de terem “arrombado a Constituição”. Outro samba já comemora: “Alguém pensava que não dava em nada. Não acabou em marmelada”.
Também não faltam críticas à administração do Distrito Federal, seja qual for o partido do titular. O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), por exemplo, já é tradicionalmente chamado de “Agnulo” pelos integrantes do bloco.
O governador é criticado pela contratação de uma empresa de Cingapura para fazer um planejamento estratégico para a capital federal. A ação do governo, cercada de suspeitas de mau uso de recursos públicos, acabou rendendo um sobrenome para governador no bloco. “Agnulo Cingapura só toma pinga pura”, diz um dos sambas do bloco.
Fonte: Ultimo Segundo
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