A Intel, maior fabricante mundial de chips, abriu nesta quinta-feira nova frente em sua longa campanha para promover o uso de seus processadores em celulares, ainda que pareça que lhe resta longo caminho a percorrer.
O modelo tem processador Intel Atom Z2420 (1.2GHz), tela sensível ao toque de 4,3 polegadas, câmera de 8 MP, 4 GB de armazenamento, tecnologias Wireless, BPS, Bluetooth e pesa 140 gramas.
A empresa fechou uma parceria com a fabricante de computadores Acer para a produção do smartphone Liquid C1, um aparelho de US$ 330 acionado pelo sistema operacional Google Android, que será lançado inicialmente na Tailândia e depois nos demais países do sudeste asiático, uma das regiões de mais rápido crescimento para os celulares.
“Fizemos esforços conscientes para buscar esses mercados de rápido crescimento, em nossa primeira incursão no setor”, disse Mike Bell, que comanda a divisão móvel da Intel, em entrevista por telefone.
Nono smartphone a ser lançado com chips Intel nos últimos nove meses, o Liquid C1 representa o maior avanço da companhia em convencer grandes fabricantes a usarem seus processadores, em meio à queda de vendas dos computadores e laptops.
Mas os analistas afirmam que isso também demonstra quanto terreno a Intel ainda precisa retomar em um mercado dominado por rivais como a Qualcomm e a Nvidia.
“Acima de tudo, eles precisam provar que são capazes de jogar nesse campo”, disse Scott Bicheno, analista sênior da Strategy Analytics. “Não existem deficiências técnicas evidentes nos chips da Intel. Mas os rivais da companhia estão bem estabelecidos.”
A Intel não tem escolha a não ser ingressar no mercado móvel. Sua receita caiu em três por cento no trimestre passado devido às vendas fracas de computadores, como parte de uma perda constante de receita que vem afetando a empresa desde 2009. E aparelhos como o Apple iPad também vêm roubando mercado dos computadores.
Assim, nos 12 últimos meses a Intel lançou celulares equipados com seus chips na Europa, África, América Latina, Rússia e China.
Alguns dos aparelhos foram projetados e fabricados pela Intel, para servirem, em sua definição, como “cartões de visita” e convencer operadoras de telefonia móvel, a exemplo da Orange, a vender os aparelhos sob sua marca na França e Reino Unido. No ano passado, a Intel convenceu fabricantes chineses de hardware tais como a ZTE e Lenovo Group a produzirem celulares com seus chips. As vendas não foram espetaculares.
A Intel se recusa a divulgar dados, assim como a ZTE e a Lenovo. Mas Melissa Chau, gerente sênior no grupo de pesquisa de tecnologia IDC, disse que a Lenovo vendeu mais de 1 milhão de unidades de seu celular de maior sucesso na China no terceiro trimestre, e apenas 20 mil unidades do K800, seu primeiro aparelho com chip Intel. “Essa é a escala de que estamos falando nesse caso”, afirmou.
O problema para a Intel é histórico. A empresa mesma admite que demorou a se movimentar em um cenário rapidamente mutável. Já uma década atrás era claro que os computadores de mesa e até os laptops estavam perdendo terreno para aparelhos menores e mais leves –mas dotados de conexão à Internet– para os quais um menor consumo de energia importava tanto quanto a potência do processador.
Nos últimos 12 meses ou pouco mais, porém, a Intel parece ter mudado de foco e privilegiado as aplicações móveis. Adquiriu as operações de chips para celulares da Infineon Technology em 2011 e contratou e promoveu especialistas em telefones, como Bell.
“Trata-se de especialistas em telefones, que nos ajudaram a virar o jogo quanto à nossa abordagem de mercado e de design”, disse Uday Marty, diretor executivo da Intel no sudeste asiático.
E o esforço parece estar funcionando, ao menos em termos de qualidade. Bicheno diz que o celular Motorola RAZR i que ele usa no Reino Unido, equipado com chip Intel, tem desempenho comparável ao de que qualquer outro modelo acionado pelo Android.
“Eles aprenderam muito sobre o mundo móvel e suas diferenças, ao longo de seus anos de fracassos”, diz Caroline Gabriel, diretora de pesquisa da consultoria Rethink Wireless. “No passado, a Intel não compreendia o processo de levar seus aparelhos às redes das operadoras, mas agora compreende.”
Restam dúvidas, porém. Para começar, alguns analistas acreditam que a entrada discreta da Intel no setor móvel ameaça confiná-la ao papel de fornecedora de chips baratos.
A Intel rebate que está se concentrando nos celulares de 200 a 500 dólares porque é lá que está boa parte do crescimento, mas que no futuro, como em seu trabalho nos computadores, pretende oferecer chips em todas as faixas de preço.
Os analistas consideram que, em longo prazo, uma companhia com os recursos da Intel tem chance razoável de criar negócios no setor móvel.
E como diz Bell, a queda rápida de fabricantes como a RIM e a Nokia e a ascensão igualmente rápida da Samsung e Apple sugerem que embora a Intel seja coadjuvante agora, isso não quer dizer que continuará a sê-lo. “Veremos quem liderará o mercado, em dois anos”, afirmou.
Fonte: Terra
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