Em contagem regressiva para a entrada automática de leis que obrigam cortes no orçamento e acabam com benefícios fiscais concedidos há uma década, presidente americano precisa chegar a um acordo com o Congresso
No momento em que os americanos sentem a economia se recuperar e aguardam outro mandato do presidente Barack Obama, um precipício se abre sob seus pés.
Se a Casa Branca não negociar com o Congresso a aprovação de um plano fiscal, praticamente todo cidadão do país sofrerá com aumento de impostos e cortes de gastos públicos que farão a locomotiva dos Estados Unidos desacelerar mais uma vez.
O governo corre contra o “abismo fiscal” – apelido atribuído aos efeitos de uma combinação de leis que expiram no dia 31 de janeiro, dando um salto abrupto nas receitas públicas. Serão cerca de US$ 600 bilhões a mais, em benefícios tributários que vigoram há 10 anos e cortes automáticos no orçamento.
Embora à primeira vista a entrada de recursos nos cofres públicos pareça positiva – reduziria quase pela metade o déficit anual do país –, o dinheiro seria retirado da economia, e as consequências seriam nefastas.
Sem maioria no Congresso, as negociações do governo com a oposição, no entanto, estão no marco zero. Grosso modo, o governo propõe manter como está a cobrança de impostos sobre 98% dos cidadãos, e aumentá-la para quem ganha acima de US$ 250 mil ao ano (2% da população).
Os republicanos só aceitam começar a conversar a sério se não houver qualquer aumento de impostos – o que retiraria fôlego da iniciativa privada. Os democratas rebatem argumentando que, se não concordarem em aumentar para 2%, 100% terão de pagar mais.
Ontem, o secretário do Tesouro, Timothy Geithner, defendeu sua posição em cinco talk shows:
— Não há um caminho ao acordo que não implique que os republicanos reconheçam que terão de aumentar impostos para os mais ricos.
Republicano classifica proposta de “ridícula”
Se nada for feito, a produção de riqueza do país, em vez de crescer 1,7% no ano que vem, cairia 0,5%, segundo o Congressional Budget Office. E o desemprego no final de 2013 seria de 9,1%, enquanto que, em um cenário de concordância entre os partidos, seria de 8%.
A preocupação é tanta, que Obama se engajou em outra campanha depois da eleição: a alternativa para se esquivar do despenhadeiro. Além de fazer viagens, pronunciamentos e receber comitivas de empresários, lançou uma ofensiva nas redes sociais pedindo aos usuários do Twitter que incluam a hashtag “#my2k” em mensagens dizendo o que é possível fazer com US$ 2 mil. Esse seria o valor aproximado que uma família de quatro pessoas de classe média terá de pagar a mais em imposto de renda caso o presidente não se entenda com o Congresso.
Na semana passada, a Casa Branca detalhou medidas para a próxima década. Para o presidente da Câmara dos Representantes, John Boehner, o plano é “ridículo” e não houve progresso nas conversas nos últimos dias:
— Não chegamos a lugar algum.
Fonte: ZeroHora
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