Nenê não hesitou quando ouviu o pedido do fotógrafo da Gazeta Esportiva.net. Em gestos rápidos, ele levou o escudo da camisa do Corinthians que vestia à boca, fez um bico com os lábios e estalou um sonoro beijo. “Faço isso com o maior prazer”, afirmou, sorrindo, o ex-zagueiro que foi companheiro do atacante Emerson no Urawa Reds, do Japão. Ou de “Émi”, conforme a torcida japonesa apelidou o Sheik.
A dúvida se Nenê beijaria ou não a camisa existia em virtude das revelações feitas por ele nesta longa entrevista exclusiva, parte de uma série especial sobre a passagem de Emerson pelo Japão. Apesar de ter sido campeão brasileiro pelo Corinthians em 1999, o ex-jogador sempre guardou escondida a sua paixão pelo São Paulo – clube que revelou o Sheik naquele mesmo ano. Quando garoto, chegou a fazer um teste para ser integrado às categorias de base do time do Morumbi. Ainda havia frequentado o Pacaembu especialmente para assistir ao meio-campista Pita, ídolo do seu pai. Nas horas vagas, acostumou-se a passar diante do centro de treinamento são-paulino apenas para admirar Raí, Müller, Cafu e Leonardo.
O clube que marcou a carreira de Nenê, no entanto, foi outro. O ex-defensor é eternamente grato ao Corinthians por ter lhe tirado do convívio dos “playboyzinhos” do Sporting, de Portugal, para formar dupla de zaga com o paraguaio Gamarra – com quem “não trocava nem ideia”. Os “rolês” noturnos com os colegas de equipe mais famosos e até as brigas (como aquela em que Gilmar Fubá desferiu um soco na cara de Mirandinha) tornaram a passagem pelo Parque São Jorge inesquecível. Nem mesmo uma grande frustração no princípio de 2000 destruiu o carinho nutrido pelo maior rival do São Paulo.
A presença de Nenê no Mundial de Clubes conquistado pelo Corinthians naquela temporada era praticamente certa. Segundo ele, que se recuperava de contusão na época, uma “trairagem” impediu a participação no torneio realizado em São Paulo e no Rio de Janeiro. O então jovem Fábio Luciano e o já veterano Adilson (que seria técnico corintiano anos depois) foram contratados para a sua posição às vésperas da estreia. Como a Fifa obrigava a inscrição de três goleiros na competição, o “inexperiente” técnico Oswaldo de Oliveira preteriu Nenê para contar com o prata da casa Yamada no grupo campeão.
Mais de 12 anos depois, Nenê espera um novo sucesso do Corinthians em um Mundial da Fifa. Hoje técnico da equipe sub-20 do Grêmio Osasco, o ex-tricolor aposta justamente no poder de decisão de um amigo que fez no Japão para comemorar o bicampeonato do torneio como torcedor: Émi Sheik, o mesmo jogador que lhe ensinou os caminhos para os bares asiáticos quando ambos estavam no Urawa Reds.
Fonte: Gazeta Esportiva
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