Democrata e republicano chegam ao dia da eleição praticamente empatados nas pesquisas
Muito diferente de como iniciou, a campanha presidencial americana terminou de forma eletrizante, aguardando o veredicto das urnas sobre quem vai ocupar a Casa Branca a partir de 2013.
Milhões de eleitores em todo o país finalmente responderão à pergunta sobre a qual muito poucos analistas se arriscaram a opinar de forma decisiva – se o país manterá no poder o seu 44º presidente ou se elegerá um 45º para a função.
A terça-feira das eleições começou, com a pitoresca tradição de abertura e fechamento quase imediato das urnas à meia-noite no vilarejo de Dixville Notch, no Estado de New Hampshire, o primeiro no país a votar.
Mas o povoado, que se vangloria de quase sempre escolher aquele que terminará sendo o vencedor, deu, neste ano, uma indicação do grau de acirramento da disputa. Depois de 43 segundos de votação, pela primeira vez na história, os seus eleitores terminaram igualmente divididos, concedendo ao democrata Barack Obama e ao republicano Mitt Romney cinco votos cada.
Disputando os eleitores à unha, principalmente nos chamados “Estados-pêndulo”, que não têm histórico definido de vitória de um dos partidos, o atual presidente e o rival fizeram na segunda-feira uma bateria de eventos eleitorais em seis dessas regiões.
Após votar em Boston, Romney deve fazer ainda nesta terça visitas-relâmpago à Pensilvânia e a Ohio – considerado o mais decisivo entre todos os 50 Estados americanos. Já Obama, que votou antecipado junto com outros 30 milhões de americanos, passará o dia em Chicago, onde participará de sua eventual festa de vitória, ou de onde fará o discurso do derrotado.
Caso o democrata seja reeleito, o ambiente promete ser bem diferente de quatro anos atrás, quando o primeiro presidente negro dos EUA falou a 240 mil cidadãos americanos em um parque da cidade. Neste ano, Obama aparecerá diante de 18 mil pessoas escolhidas a dedo entre voluntários e pessoal de campanha em um centro de convenções. A razão alegada para a mudança de perfil do evento foi a segurança.
Palmo a palmo. O democrata e o republicano chegam ao dia D do calendário eleitoral tecnicamente empatados nas pesquisas de opinião, com o presidente liderando na maior parte das sondagens, ainda que sempre dentro da margem de erro.
Para Romney, que chegou a ficar muito brevemente à frente de Obama nas pesquisas de opinião em meados de outubro, o desafio é vencer de vez a pequena, mas constante vantagem do presidente na preferência do eleitorado. Já Obama quer vencer com folga suficiente para evitar questionamentos sobre um eventual segundo mandato, em um ambiente político que deve continuar hostil no Congresso, se estiverem corretas as projeções dos analistas.
Escrevendo em um blog da campanha, o diretor de mobilização da campanha democrata, Jeremy Bird, disse que a maneira para conseguir este objetivo é colocando nas ruas centenas de milhares de voluntários que vão sair batendo de porta em porta para convencer o eleitorado a exercer o seu voto – que não é obrigatório no país.
Nas eleições passadas, votaram cerca de 130 milhões de americanos – um nível recorde que beneficiou Obama e que, estima-se, não deve ser superado nestas eleições.
Legitimidade. A disputa deste ano está tão acirrada que muitos analistas passaram a expressar a possibilidade de um resultado semelhante ao das eleições de 2000, quando o republicano George W. Bush saiu vencedor mesmo ficando 500 mil votos atrás do rival democrata, Al Gore.
As eleições nos EUA são definidas por um colégio eleitoral, no qual a cada Estado é atribuído um peso segundo a sua população. O candidato vencedor em cada Estado leva todos os votos correspondentes aos seus representantes no colégio eleitoral.
Para ser presidente, um candidato tem de alcançar pelo menos 270 votos, e a maioria dos analistas estima que Obama possa contar, de largada, com cerca de 240 votos, contra algo entre 190 e 210 de seu oponente. Mas, diante da polarização da política americana, a vantagem, em tese, de Obama tem benefícios limitados.
Para evitar questionamentos sobre a legitimidade de seu segundo mandato, da mesma maneira como o ex-presidente George W. Bush enfrentou durante o seu primeiro, ele precisa não apenas vencer Romney neste xadrez do sistema eleitoral americano, mas superar os votos do republicano no voto popular.
Fonte: Estadão
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