Supertempestade pode causar prejuízos de até US$ 20 bilhões, segundo estimativas iniciais
O presidente Barack Obama decretou situação de emergência em todo o Estado de Nova York em consequência das estragos causados pela supertempestade Sandy, que atingiu a costa leste dos Estados Unidos na noite de segunda-feira com ventos de 130 km/h e provocando ondas de mais de quatro metros que inundaram várias cidades da região mais populosa do país.
Anteriormente, Obama — que, assim com seu concorrente Mitt Romney, suspendeu a campanha para as eleições da próxima terça-feira — já havia decretado estado de emergência em Massachusetts, Connecticut, Rhode Island, Nova Jersey e Pensilvânia, autorizando a liberação de ajuda federal para esses Estados.
Segundo as primeiras estimativas, o custo da tempestade pode ficar entre US$ 10 bilhões e US$ 20 bilhões, o que tornaria a passagem de Sandy pelo nordeste dos EUA uma das mais custosas da história do país.
Sandy, que perdeu o status de furacão quando tocou a terra (uma diferenciação meramente técnica, motivada por alteraçãos na forma e na temperatura interna da tempestade) já causou a morte de 16 pessoas (15 nos EUA e uma no Canadá) e continua ameaçando cerca de 50 milhões de pessoas que vivem no seu trajetório.
Mais de 6,2 milhões estavam sem luz na manhã desta terça-feira, incluindo amplas áreas de Nova York, uma das cidades mais afetadas pelas inundações. Toda a cidade está paralisada, incluindo o metrô (que teve algumas estações alagadas), escolas, a bolsa de valores, os serviços de trem e ônibus e os aeroportos — mais de 12 mil voos já foram cancelados desde domingo.
Em entrevista coletiva, o prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, confirmou que vários bairros do sul de Manhattan estavam sob as águas e sem eletricidade. No East River e no Hudson River, os túneis foram inundados por fortes ventos e pela chuva torrencial que caiu sobre a cidade. Em algumas partes da metrópole, o volume de água atingiu 4,2 metros, mas começava a baixar na região de Wall Street já no início da madrugada. A Bolsa de Valores fechou, milhares de voos foram cancelados, o metrô parou e as luzes da Broadway foram apagadas.
— Um guindaste que eu via da minha janela na construção de um prédio de 70 andares quebrou — contou a guia de turismo mineira Alba Mattos Presas, referindo-se ao equipamento que pendia perto do Central Park.
Bloomberg ordenou a retirada de mais de 375 mil pessoas nas regiões de risco, como as proximidades do Battery Park, Queens e Brooklyn. Mais de 1,1 milhão de crianças ficaram sem aula, e 76 escolas públicas foram adaptadas em abrigos, segundo o jornal The New York Times.
A supertempestade, como está sendo chamado o fenômeno, se torna, às vésperas do Dia das Bruxas, ainda mais assustadora por conta do encontro de Sandy com uma massa de ar frio vinda do Canadá. Havia previsão de neve para os Estados de Virgínia Ocidental, Pensilvânia e Ohio.
A fotógrafa Cibele Vieira mora no Brooklyn, a uma quadra do bloco onde a evacuação foi obrigatória.
— O furacão está aqui, no momento mais intenso. Recebemos uma mensagem do governo por celular para permanecer em casa. Vejo muito vento pela janela do apartamento. Meu marido saiu por volta das 20h30min com o cachorro e viu árvores caídas nos parques. Estamos sem internet, só os celulares estão funcionando. Mas estamos bem, só cansados de ficar em casa.
Doutoranda em História na UFRGS e bolsista na Universidade de Nova York, Marina Araujo contou que as primeiras notícias não assustavam. Mas só as primeiras:
— Ainda no sábado, um grupo de brasileiros se divertia com os cartazes que indicavam que os supermercados já não tinham mais água, pilhas ou pão. O clima estava tenso no domingo pela manhã. O possível horizonte para os próximos dias se resume a encher a banheira para reservar água, comer enlatados por dois dias e ter nossos smartphones como único meio de comunicação com o mundo exterior.
Estima-se que 50 milhões de pessoas estejam na rota do furacão, na área que vai de Virgínia a Massachusetts.
Fonte: Zero Hora
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