O atual ritmo de produção e de vendas de bens duráveis (eletrodomésticos, eletrônicos e móveis) sugere que parte das compras de Natal está sendo antecipada pelo consumidor.
Pesquisa com 500 consumidores em São Paulo, feita pelo Provar/Fia (Programa de Administração de Varejo da Fundação Instituto de Administração), mostra que 56% dos entrevistados pretendem comprar bens duráveis no quarto trimestre do ano.
O percentual está bem abaixo do verificado no mesmo período do ano passado (78%) e é inferior ao dos últimos três meses de 2009 (77%) –ano em que a economia brasileira encolheu 0,3%.
Para Cláudio Felisoni, coordenador da pesquisa, as compras de bens duráveis estão sendo diluídas ao longo do ano, devido aos incentivos concedidos pelo governo (redução de IPI), e não devem ser concentradas no Natal.
“Isso não significa que o comércio fechará o ano mal. Será um ano bom, com aumento de vendas de cerca de 8,4%”, prevê Felisoni.
No ano passado, segundo dados do IBGE, as vendas do comércio cresceram 6,7%.
Segundo o economista Carlos Thadeu de Freitas Gomes, ex-diretor do Banco Central e chefe do departamento econômico da CNC (Confederação Nacional do Comércio), a antecipação do consumo deve deixar o Natal deste ano mais magro. Mas, ainda assim, deve ser mais positivo do que o de 2011.
“Neste ano não há as influências negativas que havia no ano passado. Os bancos tendem a dar mais crédito e a inadimplência dá sinais de que não passará desse ponto”, afirma. “Se não houver uma notícia muito ruim do exterior, a tendência é de recuperação da economia”.
Até julho, as vendas de móveis e eletrodomésticos cresceram 13,9% ante o mesmo período do ano passado. Mais do que todo o varejo (8,8%).
SETEMBRO AFETADO
A produção de bens duráveis teve o resultado mais positivo entre os segmentos da indústria em agosto (+2,6%) ante julho.
A antecipação de compras pesou sobre o resultado do comércio em setembro.
O Índice de Atividade do Comércio, da Serasa Experian, o primeiro termômetro do setor no mês já divulgado, mostra que a atividade recuou 1,8% ante agosto.
A principal queda foi verificada no segmento de veículos, peças e motos (-9,5%).
O setor viveu uma ressaca depois de vendas recordes. Em agosto, consumidores correram para aproveitar o desconto do IPI para automóveis, que acabou prorrogado até o fim de outubro.
Em setembro, a venda de carros caiu 31,5%.
Mas dados da FGV divulgados ontem mostram que a confiança do comerciante não se abateu com a redução das vendas. No setor automotivo, a confiança em setembro estava 10,9% maior do que a de setembro de 2011.
Segundo o economista Aloísio Campelo, coordenador da pesquisa da FGV, a postergação da redução do IPI ajudou a disseminar a confiança no comércio.
Ainda assim, a confiança do comerciante está pior do que há um ano. Mas, diz Campelo, há melhora. Em setembro, ela estava 1,4% inferior à de setembro de 2011. Em agosto, na mesma comparação, a queda era maior: 3,8%.
Fonte: Folha
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