Se o carro de som era o grande trunfo de candidatos de cidades pequenas, hoje eles têm uma nova “arma”: a internet.
Campanha de deputado distrital se baseou na mobilização de voluntários nas redes sociais
Com a popularização do acesso à web, blogs e redes sociais passaram a ter um papel importante não apenas nas campanhas dos candidatos de metrópoles, mas também na de político menores, com uma verba mais limitada.
Para o pesquisador de internet Juliano Spyer, a web pode ser ainda mais vantajosa para eles, por ser uma plataforma acessível para quem não tem tanto recurso. “Talvez ele não possa pagar pela impressão e distribuição de panfletos, mas com uma webcam e uma conexão, pode se fazer conhecer pelo YouTube. E se a mensagem for convincente, poderá chegar a uma audiência potencialmente igual ou maior à alcançada por veículos tradicionais.”
Spyer cita o exemplo do professor de história e cientista político Israel Batista (PDT), que em 2010 foi eleito deputado distrital de Brasília, com uma campanha fortemente baseada nas plataformas online.
O coordenador da campanha de Israel, Aurélio Araújo, que hoje é chefe de gabinete, conta que o orçamento era de apenas R$ 40 mil – até o momento, o candidato José Serra já arrecadou para sua campanha a prefeito de São Paulo cerca de R$ 8 milhões.
“Nossa campanha se baseou na mobilização de voluntários – especialmente alunos do Israel. Criamos canais de compartilhamento nas principais redes sociais, como o Facebook e o Orkut, ainda muito popular em 2010, e Youtube”, diz Araújo, que já trabalhou com mídias sociais da Embaixada americana durante a visita do presidente Barack Obama ao Brasil.
Para ele, a vantagem da web, nesse caso, é que mais dinheiro não necessariamente implica em melhor conteúdo. “É incrível a amplitude da internet quando se entende a linguagem. E o custo disso é ridículo se comparado a outros custos de campanhas tradicionais”, diz, explicando que o gasto de uma campanha online é basicamente o salário de bons profissionais que entendam de internet, mídias sociais e monitoramento.
Twitter e Facebook
Para Manoel Fernandes, diretor da consultoria especializada em mídias sociais Bites, nas eleições deste ano saíram na frente os candidatos que apostaram em usar a internet de maneira objetiva e sem factoides.
“Tudo está conectado às redes. Eleitores conseguem ampliar a mensagem do candidato usando seus seguidores via seguidores no Twitter e fãs no Facebook. É possível reproduzir material de campanha de maneira simples e compartilhar a agenda do candidato rapidamente nas redes”, diz Fernandes, citando boas práticas online da campanha para as eleições deste ano.
Outra estratégia usada na campanha de Israel Batista foi tornar o candidato “de verdade”, não só alguém que aparecia em vídeos do YouTube ou postava fotos de campanha.
“A mesma pessoa que você via online, era o que encontrava na rua”, conta Araújo. “Não ficava a sensação que eram dois candidatos diferentes.”
“E como as pessoas se envolviam na campanha online, quando o encontravam, tiravam fotos, por exemplo, e o marcavam no Facebook. E isso não custa R$ 1.”
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