Meia do Botafogo é alvo de processo de vizinhos na Barra da Tijuca, que o acusam de promover barulhentas festas seguidas em casa, o que gerou protestos da torcida alvinegra
No fim de julho, os moradores do Condomínio Rio Mar XI, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro, entraram com uma ação contra o meia Vitor Júnior, do Botafogo, acusando o jogador de dar barulhentas festas seguidas em casa. O processo gerou polêmica e críticas de parte da torcida ao camisa 7, que está magoado com o andamento do caso e desabafou em entrevista exclusiva.
– Três festas por semana? É mentira, denigre a minha imagem.
Vitor admitiu que deu duas festas em casa, e nada mais. Por elas, diz estar pagando o preço de uma vizinhança preconceituosa:
– Fui alvo de pessoas de classe alta se incomodando com pessoas da minha classe, que vêm de baixo. Aumentaram tudo e inventaram mil coisas.
Tiago Pereira: É a primeira vez que você fala sobre este assunto. O que sente com o caso?
Fiquei calado por um mês, só observando as coisas e recebendo as críticas. A torcida fez insultos, mas não tem culpa de nada, pois foi informada de coisas que não são verdade. Fiquei chateado pela distorção de muitos fatos durante o último mês.
Vinícius Perazzini: O que mais magoou com a ação movida?
Coisas que falaram de raves, de festas… O que aconteceu, de verdade, é que dei duas festas em casa (uma em maio e outra em junho). Está na ata do condomínio. Foi normal, com meus amigos. Mas pessoas de classe alta têm se incomodado com as coisas das pessoas da minha classe, que vêm de baixo. As festas aqui não foram de arromba. Mas por serem de uma pessoa que está crescendo na vida, que começou de baixo, as pessoas ficaram incomodadas e falaram coisas que não são verdade, aumentaram fatos para denegrir a imagem da pessoa que está no momento de lazer. Mas isso está superado, deixei tudo na mão da minha advogada.
A pressão tem sido grande por conta desse processo?
Pelo levantamento do próprio Botafogo, sou um dos jogadores que mais se dedicam dentro de campo. Como um cara que faz festas, que vai beber, pode correr do jeito que eu corro nos jogos? Posso não estar bem tecnicamente, mas minha dedicação é máxima. E por isso fico chateado. As pessoas aumentam e os torcedores caem na pilha, dizem que sou cachaceiro.
Todo esse momento não assusta você e seus familiares?
Meus pais sofrem muito, pois lutaram muito para me dar uma boa educação. Desde o fim de julho, meu pai não tem conseguido dormir direito. De verdade, nem eu conseguia sair de casa. E no dia que o processo se tornou público, minha mãe e minha filha estavam comigo, no Engenhão. Vi na ação, que depois do jogo contra o Vasco, tinha ocorrido uma festa aqui. Sendo que eu perdi o jogo e minha mãe e minha filha estavam em casa comigo. É inadmissível.
O que mais você viu na ação que o deixou incomodado?
Vi uma coisa no processo, de preconceito, citando que as pessoas que vinham na minha casa eram de “kombi de Madureira”, dizendo que eram pessoas da favela. Isso é puro preconceito. Se as pessoas estão na minha casa, são da minha confiança. Não escolho amigos por classe social e cor. As pessoas ficam incomodadas com a ascensão de quem vem da pobreza. Cansei de ver festas dadas aqui no condomínio e fiquei na minha, pois não tenho de me meter na vida de ninguém.
Foi a primeira vez que você passou por discriminação?
Nesse aspecto, sim. Já passei por discriminação por causa do meu tamanho na base, no Sul, por dizerem que um jogador pequeno não iria chegar longe.
Como a diretoria do Botafogo encarou esse processo?
A diretoria do Botafogo conviveu superbem com essa situação, tem pessoas sensacionais. Quando saiu a notícia, com todos os excessos do processo, eu fiquei muito nervoso, chorei, mas estava no clube e fui tranquilizado, pois sabem da minha índole. Falei com Anderson (Barros, gerente de futebol) que não tinha extrapolado e foram só duas festas.
O clube já sinalizou para renovar seu empréstimo, que acaba no fim do ano, ou comprar seus direitos do Corinthians?
Já houve essa conversa separadamente e o Anderson disse que tem interesse na minha permanência. E eu estou feliz aqui.
Como está a recuperação após lesão na coxa direita?
A previsão de volta é em três semanas e estou com dez dias de tratamento. Estou evoluindo bem. Tenho saído de casa às seis da manhã e chegado pela noite, trabalhando em três períodos. Eu poderia, com essa situação do processo e da lesão, jogar tudo para cima e falar: “Que m…”. Mas há males que vêm para o bem.
Fonte: Lancenet
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