O ditador sírio Bashad Assad disse nesta sexta-feira que não há uma guerra civil em seu país, e que o que acontece na Síria é um novo tipo de batalha, que ele chamou de “terrorismo sob procuração”. Ele admitiu que há divisões políticas, mas que não as classifica como guerra civil.
De acordo com ele, suas tropas estão lutando uma guerra “dura e complicada”, mas que ela pode terminar dentro de poucas semanas se países estrangeiros deixarem de enviar armas aos rebeldes. Ele criticou o respaldo político e o financiamento dado aos grupos opositores armados por outros países.
As declarações foram concedidas a uma emissora de televisão russa, que na quinta-feira já tinha exibido uma prévia da entrevista com Assad. A conversa, filmada num palácio de Damasco durou 26 minutos e foi conduzida em inglês pela jornalista Sophie Shevarnadze.
“Não se pode esperar que um país pequeno como a Síria enfrente todos esses países que estão nos combatendo por meio de outras pessoas”, completou.
O ditador disse ainda que não se arrepende de nenhuma decisão tomada desde março de 2011, quando a crise no país começou.
TURQUIA
Para Assad, o premiê turco Recep Tayyip Erdogan acredita ser um “novo sultão otomano”. Turquia e Síria têm trocado ataques nas regiões fronteiriças desde que morteiros sírios atingiram território turco e mataram uma família de civis, no último mês.
“Erdogan acha que, se a Irmandade Muçulmana obtiver o poder na região, especialmente na Síria, então ele poderá garantir seu futuro político”, disse ele.
Em tom crítico, disse ainda que o chefe de governo turco quer estender seu domínio por toda a região, como nos tempos do Império Otomano (que existiu entre 1299 e 1922). “Ele acha que é um califa.”
Assad apontou a Turquia como principal apoiadora dos rebeldes. Na quarta-feira, um jornal turco publicou um suposto plano de instalação de mísseis do país na fronteira com a Turquia, que estava prestes a ser autorizado pela Otan.
URNAS
O ditador falou também que somente as urnas podem decidir seu futuro. Para ele, apenas a vontade popular pode dizer se ele deve sair ou permanecer no poder. “As urnas dizem a qualquer presidente o que ele deve fazer”.
Assad afirmou também que ele quer que a Síria seja um país seguro. Na prévia exibida pela televisão russa na quinta-feira, ele já tinha dito que não era um “fantoche do Ocidente” e que não obedeceria ordens estrangeiras para deixar seu país.
Para ele, os ocidentais sempre estão atrás de inimigos. “Primeiro era o comunismo, depois foi o islã, depois Saddam Hussein, por outras razões. E agora querem Bashar como inimigo.”
O ditador também se disse contra uma intervenção armada direta de outros países na Síria, afirmando que ninguém pode prever o que acontecerá a partir disso. “O custo dessa invasão seria algo muito maior que o mundo inteiro pudesse tolerar.”
A crise na Síria já deixou cerca de 35 mil mortos até o momento.
Fonte: Folha
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