Um resgate à história do esporte sul-americano foi a missão incumbida ao historiador argentino César R. Torres. Depois de sete anos de muitas pesquisas, ele publicou o livro Jogos Olímpicos Latino-Americanos – Rio de Janeiro 1922, que revela a face desconhecida do primeiro evento desportivo que ultrapassou as fronteiras territoriais e reuniu países da America do Sul em prol do esporte.
Os Jogos fizeram parte das comemorações pelo centenário da Independência do Brasil, porém, mais do que isso, também foram o início de uma organização esportiva no continente. “São muito importantes porque marcam o ponto de partida dos esportes na América do Sul”, destaca Torres em entrevista à GE.net.
“Depois dos Jogos as instituições brasileiras e da América do Sul começam um trajeto próprio. É um evento muito importante por ser um ponto de partida da internacionalização dos esportes”, acrescenta.
Foi a partir dos Jogos Latino-Americanos no Rio de Janeiro que os países passaram a organizar associações nacionais responsáveis pelo desenvolvimento do esporte. Todavia, não foi um processo simples e envolveu diversas disputas pelo poder.
“Os Jogos convencem as instituições a formarem os comitês olímpicos. O evento é um catalisador, mas também desperta uma luta de poder feroz em cada país, porque se formam dois grupos. No Brasil, estava o Comitê Olímpico Brasileiro e a Confederação Brasileira de Desportos: problema. Na Argentina, no Chile, no Peru e no México acontece a mesma coisa. Porém, eu não creio que os conflitos sejam necessariamente negativos, pois geram possibilidade e horizontes diferentes”, explica o historiador.
Além do Brasil, o evento contou com a participação de Argentina, Chile, Uruguai. O Paraguai fez parte apenas das disputas no futebol. Todos são países sul-americanos, contudo, a classificação como Jogos Latino-Americanos fez parte de uma estratégia para engrandecer a competição.
“Os organizadores, para dar uma imagem de maior internacionalização, decidiram mudar o nome de Jogos Sul-Americanos para Jogos Latino-Americanos, com a esperança de que México participasse dos Jogos, mas o México enviou somente um jornalista”, justifica.
O trabalho de César R.Torres exigiu sete anos de pesquisas e passagem por arquivos dos Estados Unidos, da Suíça, da Argentina e do Rio de Janeiro.Todo o esforço faz parte de um resgate à história do esporte, com o objetivo de formar um identidade e aprender com os erros do passado.
“É importante para formar nossa identidade, uma recuperação da memória é a melhor maneira de se pensar quem somos e quem queremos ser”, afirma Torres. Em 2016, novas páginas serão escritas na história com as Olimpíadas de Rio de Janeiro.
Fonte: Gazeta Esportiva
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