Para conseguir o tão cobiçado acesso à Série C do Brasileirão, o CSA, de Alagoas, conta com a precisão de um artilheiro de nome fenomenal. O meia-atacante Ronaldo, 20 anos, responde quase que solitariamente pelas esperanças do Azulão na quarta divisão.
Artilheiro da Série D, com nove gols, Ronaldo é o chamado ‘faz-tudo’ no CSA. Com a canhota, arma o time, chega à frente para finalizar, bate falta, escanteio e até desarma, se preciso.
Natural de Nova Erechim, Santa Catarina, Ronaldo se surpreende até hoje com a ascensão meteórica em sua carreira. Há menos de dois anos, era campeão alagoano sub-18 com o Corinthians. Hoje, é goleador máximo de uma das quatro divisões mais importantes do futebol brasileiro.
Em entrevista à PLACAR, Ronaldo destrincha o seu início nos gramados, fala sobre o apreço pelo Grêmio, time de coração de toda a sua família, e revela o seu maior sonho: conhecer o seu xará mais famoso.
Conte um pouco sobre a sua trajetória até aqui.
Comecei no futebol de campo aos seis, sete anos, no Juventus de Seara, um time de Santa Catarina, minha terra natal. De lá, fui fazer teste no Internacional e no Atlético-PR, mas fiquei por lá uns quatro meses. Me dispensaram com a alegação de que eu não tinha estatura para um atacante (hoje Ronaldo mede 1,71m). Foi aí que apareceu a oportunidade de ir para o Corinthians (de Alagoas). Lá, eu fui campeão alagoano sub-18, em 2010. Acabei subindo para o profissional um ano depois, em 2011. Num jogo do Alagoano, acabei tendo uma fratura no pé. Fiquei uns nove meses parado, me recuperando da lesão. Quando estava para voltar, o presidente do Corinthians me disse que não tinha interesse em me segurar e acabamos rescindindo. Fiz apenas nove jogos no Corinthians antes de me lesionar. Tinha mais um ano meio de contrato. Em pouco tempo assinei com o CSA. Minha estreia aconteceu num amistoso contra o Santa Cruz, no (Estádio do) Arruda. Fiz um belo gol de falta. Ganhei confiança depois desses gol. (A torcida) achava que eu era jogador de amistoso, mas provei o contrário nos jogos seguintes.
Pode revelar qual é o seu time de coração?
Minha família toda torce para o Grêmio. (Depois de uns cinco segundos de hesitação) Eu também sou gremista. Mas profissionalmente a gente perde um pouco isso (a paixão clubística).
Para quem ainda não te conhece, descreva as suas principais características em campo.
Sou um jogador de bastante movimentação. Sou canhoto, mas trabalho bem com a (perna) direita. Gosto de bater falta e escanteio. Tenho boa visão de jogo. Jogo na armação, chegando de trás para finalizar. É assim que costumo marcar os meus gols.
Se espelha em algum jogador?
Me espelho muito no Xavi e no Iniesta. Eles não erram passe e jogam para o time. Gosto muito do estilo do Thiago Neves, Neymar e Lucas (do São Paulo). Mas eu sonho mesmo conhecer o Ronaldo. Ele é um exemplo. Assim como ele, também me machuquei muito novo, com 17 anos. Ele é um ídolo. A finalização dele é ‘sacanagem’. Acho até que nos parecemos neste aspecto (risos).
Você fez alguns gols de bola parada. Faz algum treino especial para aprimorar a sua batida?
Não tenho nenhum ritual (para bater falta). Apenas me concentro. Certa vez um amigo me disse que você precisa esperar de três a quatro segundos depois do apito para cobrar uma falta, pois o goleiro está muito nervoso e isso (o retardamento na cobrança) tira um pouco a reação dele. Quanto mais você demorar para bater na bola, mais nervoso ele fica.
Usa algum jogador como modelo na hora de bater falta?
Meu pai sempre me falou sobre o Zico. A forma como ele batia, a precisão. Tem também o Marcos Assunção, que bate seco na bola. É um grande cobrador. Mas tenho o meu jeito de bater na bola.
Qual é o seu maior sonho?
Quero jogar num clube grande, disputar a Série A (do Brasileiro). Estou muito feliz aqui (em Alagoas). Sou muito conhecido por aqui. Estou superando as minhas próprias expectativas. Depois que me recuperei da lesão no pé, minha expectativa era jogar. Agora sou artilheiro da Série D.
Tem alguma preferência por clube?
Jogar num grande de São Paulo já está de bom tamanho (risos). Corinthians, São Paulo, Santos, Palmeiras… qualquer um deles! Tenho vontade de jogar o (Campeonato) Paulista. É o campeonato mais disputado, parelho do Brasil.
Para avançar às quartas da Série D, o CSA terá de reverter a vantagem do Campinense, que venceu o primeiro jogo, e Campina Grande, por 2 x 1. Qual é a expectativa para esse jogo decisivo?
(Em Campina Grande) não apresentamos nem 40% do nosso futebol. Se jogarmos 70% das nossas capacidades, podemos não só vencer o Campinense como fazer um placar tranquilo. Estou confiante de que passaremos de fase.
Fonte: Placar
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