Para cartolas, clubes devem ter liberdade para aproveitar suas receitas livremente
No futebol brasileiro, a discussão sobre altos salários é recorrente. Os clubes de elite são constantemente criticados por pagar valores exorbitantes para contratar os melhores jogadores e técnicos disponíveis no mercado. Em função desta cultura, a ideia de tabelamento proposta pelo economista português Paulo Mourão, da Universidade do Minho (em Braga), é encarada com pouco crédito.
‘Eu acho que cada clube tem de estabelecer seu próprio orçamento, com patamar máximo e mínimo, que poderia evoluir em função das receitas. A ideia de tabelamento é relativa, deixaria tudo muito engessado’, comenta o presidente do Sindicato Nacional do Futebol, Mustafá Contursi, que esteve no comando do Palmeiras por uma década e atualmente dirige uma entidade que está à disposição para defender os interesses das agremiações.
Vice de futebol do São Paulo, João Paulo de Jesus Lopes aponta outra restrição à ideia de teto salarial. Em sua visão, as agremiações nacionais ainda contam com um leque para melhorar seus rendimentos nos próximos anos e devem ter a liberdade para aproveitar a expansão.
‘Ainda temos espaço para alcançar receitas melhores, com o que os clubes podem produzir, nos espaços de patrocínios, licenciamentos e direitos de televisão. Claro que pregamos a moderação financeira, mas não acho que (o tabelamento) seja a solução’, opina o representante tricolor.
A ideia do capitalismo mostra que o próprio mercado se adequa às questões de oferta e procura. No entanto, a responsabilidade de pagar salários dentro da realidade deveria partir dos próprios clubes. Mas a falta de punições encoraja cada vez mais os exageros nas negociações.
‘As sanções são previstas nos estatutos das equipes, falo isso com a experiência no Palmeiras em que mantenho uma posição no COF (Conselho de Orientação e Fiscalização). O que falta é os próprios clubes seguirem isso e aplicar punições’, cobra Mustafá Contursi.
No São Paulo, João Paulo de Jesus Lopes diz que a própria diretoria prega patamares salarias dentro da evolução dos atletas profissionais. ‘Temos os nossos limites, políticas salarias para jogadores que sobem da base, depois para aqueles que começam a ganhar destaque e, por fim, para os grandes craques’, explica.
João Paulo de Jesus Lopes se apega aos reflexos da crise global mundial para analisar a preocupação dos europeus com o aumento das dívidas no futebol. ‘Esses clubes cometeram excessos porque contavam com receitas que, no fim das contas, não chegaram. Com a crise internacional, houve retração dos ganhos, mas os times já haviam assumido certos compromissos’, opina o vice de futebol do São Paulo.
Fonte: Placar
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