Os são-paulinos encerraram a temporada 2008 com o peito estufado depois da conquista do terceiro troféu consecutivo do Campeonato Brasileiro. Confiante com o trabalho, a diretoria tricolor classificava o clube como “Soberano”, já que naquela ocasião estava na ponta da lista na disputa dos títulos nacionais. Mas, em três anos e meio, tudo mudou.
Primeiro, o São Paulo perdeu a condição de líder do ranking entre os campeões brasileiros, já que os troféus vencidos antes de 1971, no Torneio Roberto Gomes Pedrosa e na Taça Brasil, foram reconhecidos pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol). Assim, Palmeiras e Santos se tornaram octacampeões nacionais. Ainda por cima, o Tricolor não ganhou mais nada e, depois da recente conquista do Verdão na Copa do Brasil, amarga o maior jejum entre os 12 clubes mais tradicionais do País. Sem dúvidas, o futuro reserva muitas brincadeiras aos amantes da agremiação do Morumbi.
“Eu acho que o São Paulo vai estar pressionado a partir de agora”, reconhece o goleiro Zetti, ídolo do clube principalmente nas inesquecíveis conquistas da Copa Libertadores da América e do Mundial de Clubes, em 1992 e 1993.
A partir de 2009, ano do início do calvário são-paulino, todos os times considerados grandes foram campeões. O último título de Botafogo e Grêmio veio nos Estaduais de 2010. Para Flamengo e Cruzeiro, houve a volta olímpica nos Regionais de 2011. No mesmo ano, o Vasco faturou a Copa do Brasil. Na atual temporada, Atlético-MG, Internacional, Fluminense e Santos também já ganharam em seus respectivos estados, enquanto o Corinthians vibrou com a Libertadores e, finalmente, o Palmeiras levantou a Copa do Brasil.
Antes mesmo do quadro atual, a reação da torcida do São Paulo já vinha sendo forte. Em função do fracasso tricolor na semifinal da Copa do Brasil contra o Coritiba, jogadores e integrantes da comissão técnica foram hostilizados. Apenas o ídolo Rogério Ceni acabou poupado. A insatisfação também é grande com o presidente Juvenal Juvêncio, classificado por alguns como “ditador” pelas mudanças no estatuto para se reeleger.
“No fundo, o São Paulo sempre teve essa pressão. Atletas que atuam em times grandes, como São Paulo, Corinthians, Palmeiras, Santos, Flamengo e Cruzeiro, clubes que montam elencos fortes para vencer, sempre são cobrados. Tanto que vemos frequentes trocas de técnicos quando não aparecem os resultados. São clubes que investem muito”, justifica Zetti.
Se forem contabilizados todos os times da primeira divisão nacional, os rivais podem alegar que apenas o Figueirense (campeão catarinense de 2008) amarga um período maior sem levantar um troféu em relação ao São Paulo. Só que alguns clubes ganharam recentemente títulos sem tanta expressão. A Portuguesa foi campeã da Série B do Brasileiro em 2011, a Ponte Preta faturou o Torneio do Interior de 2009 e, por fim, o Náutico ganhou a Copa de Pernambuco de 2011.
Experiente em relação aos altos e baixos do futebol, Zetti cita que os jogadores do São Paulo podem levar o jejum de conquistas por um lado positivo. Ao técnico Ney Franco, contratado recentemente para retomar as glórias no Morumbi, fica a missão de administrar o quadro instável e ver os rivais Corinthians e Palmeiras garantidos na Libertadores-2013 com antecipação.
“Acho que pode ser um incentivo ao São Paulo e até ao Santos para também buscar a vaga na Libertadores, principalmente ao São Paulo para reagir”, reforça Zetti, que também atuou na Vila Belmiro no fim dos anos 90.
Ex-goleiro Zetti reconhece que São Paulo irá viver momentos de pressão pela falta de conquistas
Outro ponto de otimismo aos são-paulinos é ver a equipe com a melhor campanha entre os paulistas no Campeonato Brasileiro, em quinto lugar, quatro pontos atrás do líder Atlético-MG. Os principais adversários do estado de São Paulo ficaram para trás no começo: o Santos está na 14ª colocação, enquanto Palmeiras e Corinthians, por priorizarem as suas recentes finais, integram a incômoda zona de rebaixamento.
Para Zetti, dificilmente Timão e Verdão vão brigar pelo título nacional, até mesmo pelo relaxamento dos títulos de 2012. “Considero que a diferença de Corinthians e Palmeiras é grande em relação aos líderes, o Campeonato Brasileiro é difícil, às vezes você demora a recuperar, esses times vão precisar de uma sequência grande de vitórias”, encerra o ex-goleiro, que exerceu a função de técnico entre 2003 e 2010 e atualmente dirige uma escola particular para goleiros.
Fonte: Gazeta Esportiva
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